Ministro apontou Jair Bolsonaro como líder do grupo que "não sabe o que é o princípio democrático e republicano na alternância de poder"
Por Gabriela Boechat, Davi Vittorazzi e Manoela Carlucci, CNN
"Estamos esquecendo aos poucos que o Brasil quase volta a uma ditadura que durou 20 anos, porque uma organização criminosa, constituída por um grupo político não sabe perder eleições", afirmou o ministro Alexandre de Moraes do STF (Supremo Tribunal Federal) ontem, durante o julgamento que engloba o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Apontando o ex-mandatário como líder dessa organização criminosa, o magistrado afirmou que a grupo "não sabe o que é um princípio democrático e republicano da alternância de poder".
"Quem perde, vira oposição e disputa as próximas eleições. Quem ganha, assume e tenta se manter nas eleições, mas tenta se manter pelo voto popular", explicou.
Ao longo desta semana, os ministros da Primeira Turma da Suprema Corte vão proferir seus votos pela condenação ou absolvição de Bolsonaro e outros sete réus do chamado "núcleo 1" do plano de golpe.
Bolsonaro pode ser condenado por até cinco crimes diferentes que, somados, poderiam somar uma pena de até 43 anos.
Moraes segue ‘cronologia criminosa lógica’ de Gonet em voto sobre trama golpista
O ministro Alexandre de Moraes, relator dos processos sobre a trama golpista, usou a mesma lógica da denúncia apresentada pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, para defender a condenação dos réus. O voto do ministro foi apresentado ontem na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF).
Moraes fez uma espécie de linha do tempo para mostrar que as provas compõem um contexto de planejamento de um golpe de Estado. O ministro iniciou a lista de atos preparatórios para o golpe com a tentativa de minar a credibilidade do sistema eleitoral brasileiro, que teria sido iniciada em junho de 2021.
O ministro também destacou o 7 de Setembro de 2021, quando Jair Bolsonaro xingou Moraes de canalha e conclamou aliados a não respeitarem decisões tomadas pelo STF. E, também, a bomba instalada no Aeroporto de Brasília em dezembro de 2022. O artefato foi encontrado antes de explodir.
“Se pegássemos (o fato) de forma isolada é uma coisa, mas nós estamos falando de uma sequência de tentativa de perpetuação no poder a todo custo”, explicou o ministro.
O ato final da tentativa de golpe seria o 8 de janeiro de 2023, quando bolsonaristas invadiram as sedes dos Três Poderes. Para Moraes, trata-se de uma “cronologia criminosa lógica”, com “excesso de provas nos autos”.
Apesar do panorama feito no voto, Moraes também se ocupou dos detalhes. Especialmente na parte final da exposição, o ministro destacou atos específicos cometidos pelos integrantes do que a PGR chamou de organização criminosa.
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