Na CPI do Diga Diga, o principal suspeito é o prefeito Eduardo Hagge - Bahia Expresso

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segunda-feira, 8 de setembro de 2025

Na CPI do Diga Diga, o principal suspeito é o prefeito Eduardo Hagge



Uma sombra de irregularidade e tentativa de interferência no Judiciário paira sobre a Prefeitura de Itapetinga. Por decisão da Justiça, será instalada nas próximas horas uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara Municipal, e o alvo central das investigações é ninguém menos que o prefeito Eduardo Hagge (MDB). O motivo: um suposto e grave pedido, feito em carta, para que o governador Jerônimo Rodrigues (PT) interferisse junto a ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para cassar o mandato de um vereador de oposição.
O caso, que já é tratado como um dos mais sérios da política recente da cidade, envolve o vereador Diego Rodrigues, o Diga Diga (PSD), e o prefeito Eduardo Hagge, acusado de ser o autor intelectual de um pedido de interferência em um processo judicial.
Tudo começou com um ofício sem assinatura e sem qualquer marca oficial da Prefeitura de Itapetinga, protocolado na Secretaria do Governo da Bahia no último dia 27 de junho. Apesar da falta de autenticação, o documento falava em nome do prefeito Eduardo Hagge e fazia um apelo explícito ao governador Jerônimo Rodrigues: que usasse sua influência junto a ministros do TSE para manter a cassação do mandato do vereador Diga Diga.
O processo contra o parlamentar já havia sido decidido em segunda instância pelo Tribunal Regional Eleitoral da Bahia (TRE-BA) e agora aguarda julgamento de um recurso no TSE. A carta, em um trecho, pedia: “Reforçamos a relevância de que sejam adotadas as medidas cabíveis...”, tratando o governador como peça-chave para acabar com o mandato do oposicionista.
O esquema só veio à tona graças a uma série de erros grotescos. Dias depois, a Procuradoria Geral do Estado (PGE) respondeu. A procuradora do Estado Sissi Andrade Macedo foi direta: o governo do estado não pode e não vai se meter em um processo judicial.
Mas foi um detalhe dessa resposta que jogou holofotes sobre o prefeito Hagge. A PGE só se deu ao trabalho de responder porque, segundo apurações, havia "outra autoridade por trás do pedido". Ou seja, a gravidade do remetente suspeito foi tão grande que demandou uma resposta formal da chefia jurídica do estado da Bahia.
A CPI não mirará apenas no prefeito. Também serão investigados secretários municipais, prestadores de serviço e lideranças partidárias muito próximas a Eduardo Hagge. No centro das suspeitas paralelas está o ex-vereador Valdeir Chagas (PSD), que é primeiro suplente da legenda e maior beneficiário direto de uma eventual queda de Diga Diga: ele assumiria a vaga na Câmara.
As suspeitas sobre Chagas aumentaram quando o próprio Diga Diga alertou em plenário do Legislativo, que um familiar do ex-vereador poderia ter sido a pessoa que entregou o envelope com a carta na governadoria. Este fato eleva dramaticamente as suspeitas sobre o prefeito Eduardo Hagge, pois seria improvável um aliado seu agir por conta própria em um assunto de tão alta gravidade sem o conhecimento do chefe.
O prefeito Eduardo Hagge nega veementemente ser o autor da carta. No entanto, as evidências circunstanciais apontam para sua figura como o principal suspeito. A pergunta que ecoa nos corredores do poder é: o prefeito sabia ou não do pedido indevido ao governador?
A CPI do Diga Diga promete mergulhar neste lamaçal de acusações, tentando desvendar quem redigiu e enviou a carta fantasma e, principalmente, quem ordenou que isso fosse feito.

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