Defesa de ex-presidente usa parecer de jurista que remete a um dos episódios que levaram à derrocada da operação conduzida por Moro e Dallagnol.
Por Marcelo Godoy
Cerceamento de defesa, contestação de provas e depoimentos e a tese de que tudo não passa de “atos preparatórios”, sem que nada vincule o réu à execução de um golpe de Estado. Assim se pode resumir os argumentos finais do criminalista Celso Vilardi em nome de seu mais famoso cliente, o ex-presidente Jair Bolsonaro.
A defesa é extremamente técnica. Aborda aspectos que os bolsonaristas, mais interessados em palanque do que em discussão jurídica, recusam-se a tratar. Exemplo: até na hipótese de condenação, procura convencer os ministros que a pena não deve ser a soma das previstas em cada um dos crimes, mas a do mais grave, aumentada até a metade.
É nas entrelinhas que a peça de 197 páginas usa argumentos anti-lavajatistas e abandona os militares acusados de golpe à própria sorte. Alega-se que tudo se passou sem que ele tivesse conhecimento: é a “Tese Carolina”. Ela cabe na melodia da música de Chico Buarque: “Eu bem que mostrei a ele /o golpe passou pela gente /e só Bolsonaro não viu”.
Tudo acontecia ao lado do ex-presidente, mas nada disso provaria que ele mantivesse uma unidade de desígnios com os demais réus. Diz o criminalista: “Não há uma única prova que atrele o peticionário (Bolsonaro) ao plano ‘Punhal Verde e Amarelo’ ou aos atos dos chamados Kids Pretos e muito menos aos atos de 8 de janeiro". Isso para não falar da operação psicológica para emparedar o Alto-Comando do Exército contrário ao golpe ou da caixa de vinho de Braga Netto com dinheiro para os golpistas.
Vilardi contesta a afirmação da Procuradoria da República de que os tenentes-coronéis Hélio Ferreira Lima e Rafael Moraes Oliveira e o general Mario Fernandes, todos kids pretos, estiveram no Palácio do Planalto para tratar do golpe. “Estes 2, 3 corréus puderam ir a quais andares e a quais salas do Palácio do Planalto? Quais encontros tiveram? Viram o ex-presidente? Podiam chegar na sala deste? Seu acesso era livre?”
Fonte: Agência estado
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