O primeiro grande acidente aéreo envolvendo delegações de times de futebol ocorreu no dia 4 de maio de 1949 e ficou conhecido como “A tragédia de Superga”. Ela ocorreu após amistoso entre os times do Benfica e do Torino, tricampeão italiano e maior força do futebol da Bota à época. A equipe era a base da seleção italiana, considerada uma das favoritas ao título da Copa do Mundo de 1950, que seria jogada no Brasil.
Após o jogo, disputado no dia 3 de maio e vencido pelo Benfica por 4 x 3 diante de 40 mil pessoas, a delegação do Torino retornou a Turim em um avião da Alitalia, o trimotor Fiat G.212, prefixo I-ELCE, construído em 1947. A decolagem do Aeroporto da Portela, em Lisboa, foi tranquila, assim como a escala para reabastecimento em Barcelona. Mas perto da aterrissagem em solo italiano, a tripulação foi avisada sobre denso nevoeiro, com visibilidade abaixo de 40m. Na manobra de aproximação, o piloto Pierluigi Meroni desceu demais e colidiu com um dos muros da Basílica de Superga, matando os 27 passageiros e quatro tripulantes todos a bordo – entre eles, o craque Valentino Mazzola.
A tragédia consternou os italianos e mais de meio milhão de pessoas acompanharam o enterro do time, realizado em 6 de maio. O Torino, que era tricampeão italiano e estava na reta final para conquistar o tetra, jogou as quatro partidas restantes da temporada com um time de juniores. Em solidariedade, as demais equipes da primeira divisão daquele país só escalaram jovens amadores, o que permitiu a quarta conquista do time da camisa vinho.
Sem os craques do Torino, a base da seleção italiana para a Copa de 1950 ficou enfraquecida e a Squadra Azzurra foi eliminada na primeira fase. O Torino entrou em crise técnica e só voltaria a ser campeão italiano em 1976.Reprodução/Internet
Quase nove anos depois, outra tragédia aérea matou 23 pessoas, oito delas jogadores do Manchester United, no chamado “Desastre aéreo de Munique”. O acidente ocorreu em 6 de fevereiro de 1958. O avião Airspeed Ambassador, prefixo G-ALZU, que fazia o voo BE609 da empresa British Airways, caiu durante uma tempestade de neve quando tentava decolar pela terceira vez do aeroporto de Munique, na Alemanha. A bordo estavam a delegação do Manchester United, jornalistas e alguns torcedores.
A causa oficial do acidente foi uma camada de neve derretida na pista, que taria causado a desaceleração da aeronave, impedindo que o piloto James Thain conseguisse levantar voo. Mas nas duas tentativas anteriores, Thain revelara aos passageiros que um “pequeno problema no motor” impedira a decolagem, tendo havido até o desembarque de todos.
Na terceira tentativa, o avião não conseguiu ganhar altura e bateu na cerca do aeroporto e numa casa. Uma asa e parte da cauda da aeronave foram arrancadas e a casa pegou fogo. Uma árvore estilhaçou o cockpit e parte da fuselagem acertou uma tenda de madeira, fazendo com que um caminhão de combustível ali estacionado explodisse.
O Manchester voltava de Belgrado, então na Iugoslávia, onde tinha jogado com o Estrela Vermelha pela Liga dos Campeões, e fizera uma parada de reabastecimento em Munique. No acidente morreram os jogadores Roger Byrne, Mark Jones, Duncan Edwards, Eddie Colman, Tommy Taylor, Liam Whelan, David Pegg e Geoff Bent, além de outros 15 passageiros e tripulantes.
Entre os sobreviventes figuravam o craque Bobby Charlton, que comandou a seleção da Inglaterra na conquista da Copa do Mundo de 1966. Campeão na temporada 1956-1957, o Manchester United só voltaria a vencer a Liga Inglesa em 1964-1965.Reprodução/Internet
Na América do Sul, em 8 de dezembro de 1987, o Fokker F27 prefixo AE-560, fretado à Marinha peruana, que levava a delegação do Alianza Lima (Peru), caiu no mar, entre o distrito de Ventanilla e a cidade de Callao, no Peru. O acidente matou 43 pessoas e apenas o piloto Edilberto Villar Molina sobreviveu.
O time liderava o Campeonato Peruano e vinha de uma partida contra o Deportivo de Pucallpa, vencida por 1 x 0. Na volta, a aeronave caiu no mar, perto do Aeroporto Internacional Jorge Chávez. Todos os jogadores e comissão técnica do Alianza morreram, assim como oito chefes de torcida, o árbitro Miguel Piña e dois oficiais da Marinha.
Para terminar a temporada, o Alianza Lima recorreu a juniores e convenceu o craque Teófilo Cubillas a voltar a jogar, acumulando com a função de treinador. César Cueto também desistiu da aposentadoria. O time chileno do Colo Colo emprestou jogadores, já que o campeonato daquele país havia se encerrado dias antes. O Alianza terminou a temporada como vice-campeão e só reconquisou o título nacional em 1997.
Outros acidentes aéreos envolvendo equipes de futebol foram os seguintes:
16 de julho de 1960 – O avião fretado pela Associação Dinamarquesa de Futebol caiu em Oresund, matando oito jogadores da seleção olímpica que iria disputar os Jogos de Roma.
3 abril de 1961 – O DC-3 da LAN em que estava a delegação do Green Cross (Chile) se chocou com a Cordilheira dos Andes, na volta de um jogo contra o Provincial, de Osorno, matando 24 pessoas – entre elas, oito jogadores, o técnico e o fisioterapeuta do time.
26 de setembro de 1969 – O DC-6 do Lloyd Aéreo Boliviano caiu na região de Viloco, matando 74 pessoas a bordo, sendo 16 jogadores do The Strongest (Bolívia) e integrantes da comissão técnica.
11 de agosto de 1979 – O avião Tupolev Tu-134 da Aeroflot bateu em outro avião da mesma companhia e modelo. O voo levava o Pakhtakor Tashkent (Uzbequistão) para Minsk, onde jogaria contra o Dinamo Minsk, pelo campeonato da extinta União Soviética. Morreram 178 pessoas nos dois aviões morreram, entre elas 14 jogadores e três membros da comissão técnica do clube uzbeque.
7 de junho de 1989 – O DC-8 da Surinam Airways, vindo de Amsterdam, caiu perto do aeroporto de Paramaribo, no Suriname, matando 167 pessoas. Três jogadores que integravam o grupo de holandeses de descendência surinamesa que formavam o Colorful 11 sobreviveram. O grupo ia jogar um amistoso contra o SV Robinhood, no Suriname. Ruud Gullit e Frank Rijkaard, que não foram liberados por seus cvlubes, tinham a pretensão de disputar o amistoso.
27 de abril de 1993 – Um De Havilland DHC-5D da Força Aérea da Zâmbia caiu na costa do Gabão matando 30 pessoas, entre elas 18 jogadores de Zâmbia e membros da comissão técnica. A seleção seguia para o jogo contra o Senegal, em Dakar, válido pelas Eliminatórias para a Copa de 1994.
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