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quinta-feira, 21 de agosto de 2025

Opinião: Bolsonaro: rei posto, rei morto, rei desmoralizado







Muitos personagens da história política ultrapassaram a linha que separa o mito da decadência. No Brasil dos dias atuais, ninguém personifica mais essa descrição do que o ex-presidente Jair Bolsonaro. Eleito com aura de herói, acuado pelas chances de se tornar um espólio descartavel, o ex-presidente acabou se desmascarando. Tornou-se em 2022, rei posto, quando perdeu a eleição mesmo com uso ostensivo da máquina. Em 2023, foi morto eleitoralmente com decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que o tornou inelegível. Agora, 2025, às vesperas de ser condenado criminalmente por tentativa de golpe de estado, o "mito" acelerou numa ladeira sem freis para a desmoralização.
Os diálogos constantes no inquérito da Polícia Federal mostram um pai que não exerce ascendência - ou merece respeito - pelo próprio filho, um homem de 40 anos cujos interesses personalistas e familiares expuseram Brasil e Estados Unidos a imbróglios diplomáticos nunca vistos na história recente. Eduardo Bolsonaro usou termos de baixo calão para responder ao pai, tal qual se aborda uma figura que merece desprezo. Sendo o pai dele um homem que até bem pouco tempo governava uma das maiores repúblicas da América.
O escárnio com que Silas Malafaia trata as instituições brasileiras, em conversas privadas que tratavam iminentemente de interesse público, mostra que, facilmente, o Brasil poderia se tornar uma teocracia para melhor atender os interesses dele. Tudo isso em um contexto limítrofe sobre o funcionamento dos poderes constituídos da República, esgarçados por obras desses três citados, mas também por outros milhares que acreditam na falácia de que tudo foi feito para atender aos melhores interesses da nação.
O relatório da PF, ainda que no âmbito de inquéritos cujo personagem a julgar seja um relativamente controverso Alexandre de Moraes, explicita o que há muito se fala: Bolsonaro não é o democrata que se apresenta. É um homem que se perdeu no próprio personagem, que possivelmente ainda encontrará apoio nas hostes aliadas. Porém tendendo a ficar cada vez mais fragilizado pela insustentabilidade de ser o que prometera ser.

Rei posto, rei morto, rei desmoralizado.

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