O sistema quer Bolsonaro fora do jogo, diz Capitão Alden - Bahia Expresso

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segunda-feira, 28 de julho de 2025

O sistema quer Bolsonaro fora do jogo, diz Capitão Alden

O DEPUTADO federal Capitão Alden (PL) reforçou seu apoio ao ex-presidente durante entrevista à Tribuna.





Por Henrique Brinco

Um dos principais aliados de Jair Bolsonaro na bancada baiana, o deputado federal Capitão Alden (PL) reforçou seu apoio ao ex-presidente durante entrevista à Tribuna, afirmando que não há espaço para neutralidade neste momento político. “Eu nunca fui isentão. Estive, estou e seguirei firme ao lado do presidente Bolsonaro enquanto ele mantiver suas convicções”, declarou. Para o parlamentar, Bolsonaro está sendo “brutalmente perseguido por um sistema que teme sua força e sua conexão com o povo”. Ele acusa setores do Judiciário e da política de articularem para impedir a atuação do ex-presidente nas próximas eleições. “Não tenho dúvidas de que querem seu afastamento total do jogo político.” Alden minimiza a possibilidade de inelegibilidade e afirma que, caso isso ocorra, caberá a Bolsonaro escolher o nome para liderar a direita em 2026.

Tribuna – A segurança pública do estado da Bahia, principalmente, é uma questão muito delicada sempre. Na sua avaliação, o que é que precisaria ser feito de mais imediato para poder minorar esse problema?

Capitão Alden É uma questão que também não é tão simples. Eu reconheço que, de fato, são muitos os desafios que deverão ser enfrentados aqui no Estado e acho que a maior dificuldade desse governo é justamente em reconhecer essas dificuldades e tentar encará-las. Ao invés de ele encarar, resolver essa questão, partir pra cima, ele tenta esconder, jogar embaixo do tapete, não reconhece as suas fragilidades no processo e, de uma maneira ou de outra, não aceita, inclusive, opiniões, nem conselhos e nem orientações. Então, acho que o primeiro passo é reconhecer isso, que ele está tendo limitações ou dificuldades para enfrentar o problema e pedir ajuda. Primeiro ponto. Segundo ponto. Essa questão da segurança pública é uma questão que não é de agora. Se você analisar os últimos 20 anos – quase 20 anos – de gestão do PT, quais são os números reais que nós temos? A gente não pode esquecer. Primeiro deles: em quase 20 anos de governo do PT aqui no Estado, nós já temos mais de 100 mil assassinatos registrados. Não é o Capitão Alden que está inventando. São dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, do Anuário da Violência, que eventualmente é até questionado pelo próprio governo, pela segurança pública, como dados enviesados ou dados que não traduzem a realidade. São dados do próprio anuário da SSP Bahia, publicado no site. Inclusive, você tem à disposição esses números oficiais. É verdade que no site você tem apenas de 2012 até a presente data, mas os dados que nós temos, inclusive anteriores a 2012, reforçam e somam, e chega a esse número superior a mais de 100 mil assassinatos. Então, número de guerra. A gente precisa reconhecer isso. Grande parte dessas mortes, de forma leviana, de forma equivocada, estão sendo associadas aos CACs, aos atiradores – às pessoas que possuem arma de forma legal nas suas residências – e também, quando não por elas, por parte da polícia, que eventualmente vem sendo atacada diariamente por bondes, por facções criminosas.

Tribuna – Há o problema das facções…

Capitão Alden - Hoje o Estado é o que mais possui facções criminosas no Brasil. São 22 facções criminosas que atuam de forma muito ostensiva, de forma muito violenta aqui no Estado, e nós não temos um planejamento efetivo, um programa efetivo para o combate às facções. Você vê aqui um ataque ali, outro ataque acolá, pontual, mas não uma coisa organizada, planejada e integrada com os diversos órgãos da segurança pública e da própria defesa social. E, por que não, também incluir o Poder Judiciário e o Ministério Público. A gente vê ações muito isoladas, muito pontuais, sem, de fato, atacar o ponto principal, que é a organização criminosa, que tem se expandido muito no Estado. Que tem se utilizado, inclusive, de renda legal para poder se ramificar e se fortalecer.

Tribuna – Que tipo de renda legal?

Capitão AldenPostos de combustível. Muitos deles estão comprando ou fazendo parcerias com incorporadoras, construtoras para lavar dinheiro. Estão adquirindo delicatessens, comércios legais para poder lavar esse dinheiro. Hoje já está mais do que claro que o tráfico, como o governo vem combatendo hoje, nas favelas, nas periferias e até mesmo nas áreas mais nobres, não é mais o carro-chefe do meio organizado. A droga em si continua altamente rentável, mas não é a economia que faz com que essas organizações continuem se fortalecendo como estão aqui no Estado. Elas têm se ramificado muito nas diversas ações, nos diversos comércios, nas diversas atividades legais, inclusive, para justamente fortalecer sua aquisição de armas, seu domínio territorial, cada vez mais ocupando espaços territoriais, inclusive se infiltrando através da política em cidades do interior – ajudando na eleição de prefeitos, vereadores, deputados federais, estaduais. Então, existe uma grande organização que precisa de um enfrentamento sistêmico e integrado, inclusive com os órgãos da União. E isso não tem sido feito pela Bahia. Ele tem investido em um programa atrasado, é uma cópia do programa Pacto pela Vida dos antigos gestores, que apenas mudou de nome, mas a essência é a mesma – que trata de focar em um policiamento de aproximação, engessando, inclusive, a atuação policial.

Tribuna – E a solução?

Capitão Alden - A solução passa por vários fatores. Mas o primeiro deles é a valorização das carreiras policiais. Investir só em tecnologia, em armas, em viaturas, em IA é bom, mas não é suficiente. É preciso ter uma tropa motivada, que vá para a rua com confiança e respaldo jurídico. Hoje ela é ameaçada de prisão, de perder a farda, de perder a liberdade – ou a vida. Nas divisas do Estado da Bahia, falta batalhões da Polícia Rodoviária Estadual. Todas sucateadas, com um ou dois policiais no máximo. Não dá conta do volume de caminhões que transportam drogas e armas. Isso alimenta o comércio do crime organizado. Eu sei da dificuldade orçamentária, mas o Estado precisa rever prioridades e fazer os investimentos adequados para enfrentar a violência. Inclusive, esse tema deve ser uma pauta importante nas eleições do ano que vem.

Tribuna – Em relação à Bahia, dos pré-candidatos a governador, quem o senhor acha que tem mais condições de lidar com esse problema de frente?

Capitão Alden Olha, eu acho que nós temos ainda um bom caminho até as eleições de 26. Vários nomes estão surgindo no cenário, apresentando problemas e possíveis soluções. Então, é a fase ainda de namoro, a fase ainda de definição desses candidatos. Dos que já estão postos, eu ainda não conheço as suas plataformas. Eu tenho conversado com todos eles. Inclusive, existe a possibilidade de o próprio partido lançar uma candidatura própria. Eu defendo, inclusive, que o PL esteja na majoritária, seja ela como governador, candidato principal, ou vice-governador, ou até mesmo o Senado, mas eu acho importante que o PL Bahia esteja fazendo parte, compondo a majoritária, até para que a gente também possa ajudar a construir esse processo aqui no Estado, político, aqui no Estado. E não só por isso. Porque eu tenho ouvido muito falar dos demais partidos que buscam apoio do PL: “Vamos nos unir para tirar o PT na Bahia. Vamos nos unir para tirar a esquerda na eventual cidade, no eventual município.” O PL se dedica, mobiliza suas bases, mobiliza toda a sua força e capacidade de mobilização das pessoas, especialmente aquelas mais conscientes. E no momento que a gente vira o jogo e ajuda determinado prefeito a virar o jogo e ganhar as eleições, depois disso o PL é esquecido. As pautas do PL também são esquecidas. Nós fizemos vários compromissos com muitos prefeitos que foram eleitos, inclusive dos partidos que ora buscam nosso apoio hoje para eventual campanha em 2026 para governo. E muitos deles sequer cumpriram com suas promessas.

Tribuna – Inclusive, o próprio ex-ministro João Roma tem reafirmado uma pré-candidatura. Esse movimento dele é mais individual ou parte de algum consenso, algum diálogo dentro do partido?

Capitão AldenA gente não tem conversado muito dentro do partido a respeito da questão política do Estado. O ministro João Roma tem feito algumas conversas com ACM Neto e o seu grupo político, mas eu estou aguardando deliberações da nacional, inclusive do próprio presidente Bolsonaro e Valdemar [Costa Neto], que estão atentos, que estão acompanhando essas movimentações. Então, assim, internamente pouco tem se conversado sobre isso. Eu tenho visto movimentos nas redes sociais, pela imprensa, mas oficialmente não houve nenhuma reunião formal para tratar dos destinos da Bahia e do PL aqui no Estado. A gente tem feito essas ponderações de uma maneira mais isolada, mas ainda não temos essa conversa oficial dentro do partido.

Tribuna – O presidente Bolsonaro está passando por um momento delicado e o senhor é um dos poucos parlamentares aqui na Bahia que tem se destacado dando apoio a ele. O senhor acha que muitos bolsonaristas têm faltado, têm tirado o corpo fora nesse momento, têm evitado dar um apoio a ele mais explícito? Como é que o senhor avalia a postura dos bolsonaristas nesse momento?

Capitão Alden Eu acho que é a oportunidade, inclusive, das pessoas que escolheram seus candidatos, especialmente aqueles que dizem defender a direita, é avaliar os seus posicionamentos, acompanhar melhor e de forma mais aproximada aqueles que foram eleitos – e até os que não foram eleitos – para ver se, de fato, estão cumprindo com as promessas que foram feitas na época da pré-campanha. Então, eu não posso falar pelos outros, mas no que diz respeito à minha postura, não há espaço para a neutralidade. Não existe essa coisa de estar em cima do muro. Eu nunca fui isentão e jamais ficarei em cima do muro ou deixarei de me posicionar a respeito daquilo que eu acho que deve ser o correto. Então, quem acompanha meu mandato sabe muito bem disso. Estive, estou e seguirei firme ao lado do presidente Bolsonaro enquanto ele mantiver as suas convicções, enquanto ele mantiver coerência naquilo que ele defendeu enquanto pré-candidato e presidente da República. Ele está sendo brutalmente perseguido por um sistema que teme sua força e sua conexão com o povo.

Tribuna – Qual o sentimento de vocês nesse momento? Vocês acham que existe uma chance grande de Bolsonaro eventualmente ser preso?

Capitão AldenNão tenho dúvidas de que o sistema tem interesse no afastamento total de Bolsonaro do processo, do jogo político. Até porque ele sabe da força que ele tem ainda, mesmo não estando em um cargo político nesse momento, em razão das várias perseguições que ele tem sofrido. E o próprio Bolsonaro disse: “Me dê 50% do Congresso Nacional, tanto na Câmara quanto no Senado, e nós iremos realmente mostrar a nossa força.” E ele tem toda a razão com relação a isso. Dos 513 deputados, se você analisar um site chamado Placar Congresso, você vai ter a possibilidade nesse site de acompanhar a votação de todos os deputados federais de Brasília, de todos os partidos – tanto do PL quanto da esquerda, do chamado Centrão – e lá você tem condições de ver o perfil de como cada candidato, cada deputado tem votado nesses últimos três anos. O que a gente percebe? Que há muita gente que se diz de direita ou defensora dos nossos princípios e valores que vota com a esquerda, que vota com o governo federal. De 513 parlamentares, menos de 120 – do PL e de alguns outros partidos somados – votam verdadeiramente com as pautas que nós defendemos: aumento de pena para criminosos, especialmente crimes hediondos, castração química, somos contra a censura... enfim, uma série de projetos nesse sentido, e você analisa uma minoria realmente votando nesse aspecto.

Tribuna – Inclusive pegando o gancho dessa resposta, no cenário de Bolsonaro não poder disputar, quais são os nomes que o senhor acha que podem liderar o PL e a candidatura da direita na disputa presidencial?

Capitão AldenO próprio Bolsonaro continua dizendo que é candidato. Nós iríamos respeitar esse posicionamento. Eu acredito, inclusive, que se todo esse processo for de fato respeitado, a legislação brasileira, a Constituição Federal, o Código de Processo Penal, a Lei Penal brasileira, com certeza Bolsonaro não será punido, se isso for levado em consideração de fato. Se nós olharmos o processo aos olhos da lei, sem paixões políticas, sem qualquer tipo de preconceito ou qualquer tipo de posicionamento ideológico, nós veremos que não há crime. Então, não há por que o Bolsonaro estar inelegível. Quando você tem fatos passados envolvendo a Dilma Rousseff, o próprio descondenado, que resultou no que resultou hoje, ambos continuam elegíveis, um continua no poder. Então, a gente não vê claramente indícios de crime para tornar Bolsonaro inelegível. Esse é o primeiro ponto. Segundo ponto, em não sendo Bolsonaro, ele mesmo vai indicar o nome. Nós temos algumas possibilidades: Tarcísio é um, a Michele Bolsonaro, talvez, dependendo da conjuntura, pode ser também um bom nome. Defendo que, de fato, seja o melhor nome capaz de realmente unir toda a direita no Brasil e fazer frente, inclusive, a esse sistema. A gente ainda tem muito caminho pela frente, tem muita coisa ainda para acontecer, mas quem quer que seja a pessoa definida por Bolsonaro, a gente vai abraçar.

Tribuna – Como é que o senhor viu essa questão da taxação que Trump impôs ao Brasil de 50%?

Capitão Alden Quanto à taxa de Donald Trump, 50%, nós somos veementemente contra, mas é importante definir que a culpa dessa taxação é de Lula. Por que é de Lula? Eu vou trazer aqui de maneira bem objetiva o que está por trás dessa taxação. O governo tem tentado vender a ideia de que essa taxação é por conta de Bolsonaro, em especial de Eduardo Bolsonaro, que teria ido aos Estados Unidos fazer denúncias e que Donald Trump, em razão disso, teria taxado o Brasil, o povo brasileiro nessa taxa de 50%. Quando, na verdade, se você ler a carta do presidente Donald Trump, ele cita Bolsonaro como um dos elementos que justificaram a taxação. Mas o mais grave e o mais importante a ser pontuado é que a causa, ou uma das causas, que levaram a essa taxação são as frequentes e contínuas ataques de Lula ao próprio presidente Donald Trump

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