Candidaturas LGBTQIA+ avançam no Legislativo, mas dificuldades persistem - Bahia Expresso

Últimas

quarta-feira, 10 de julho de 2024

Candidaturas LGBTQIA+ avançam no Legislativo, mas dificuldades persistem

Por Matheus Tupina | Folhapress

                                 Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil


Apesar da maior visibilidade de candidaturas LGBTQIA+ no país, especialmente no Legislativo, entraves financeiros e políticos, inclusive dentro dos partidos, impedem um aumento no número de eleitos, sobretudo no Poder Executivo.
Além das dificuldades de formação de lideranças desse segmento pelas legendas, não há incentivos financeiros a essas candidaturas, sub-representadas diante da população do país.
A falta de mais lideranças políticas LGBTQIA+ dificulta a institucionalização de direitos garantidos, como de casamento e de adoção por famílias homoafetivas, hoje consagrados por decisões do STF (Supremo Tribunal Federal) e do CNJ (Conselho Nacional de Justiça).
Segundo a Aliança Nacional LGBTI+, organização sem fins lucrativos que luta pelos direitos dessa população no país, as eleições de 2022 contaram com 356 candidaturas LGBTQIA+ para deputados federal e estadual, além de senador e governador no país.
A entidade considerou para a conta o número de candidatos que se denominam publicamente LGBTQIA+. Não existem dados em relação aos pleitos anteriores, mas há uma percepção de avanço da pauta e de maior visibilidade dos parlamentares eleitos.
A maioria dos postulantes do segmento tentou vaga em São Paulo, com 66 postulantes, seguido por Minas Gerais, com 33, e pelo Rio Grande do Sul, com 31.
Ainda segundo o levantamento, 20 desses pleiteantes foram eleitos no país no primeiro turno, sendo cinco deputados federais, 13 deputados estaduais e um deputado distrital, e uma governadora —Fátima Bezerra (PT), reeleita para comandar o Rio Grande do Norte. No segundo turno também houve a vitória de Eduardo Leite (PSDB) no Rio Grande do Sul.
A organização registra ainda que a maioria dos LGBTQIA+ eleitos são do PSOL, com nove, seguido do PT, com cinco.
A proporção, porém, é baixa. O número de congressistas desse segmento social eleitos para a Câmara dos Deputados equivale a 1% do total de todos os assentos disponíveis: 513.
Esse número inclui as duas primeiras mulheres trans a ocupar cadeiras na Câmara: Erika Hilton (PSOL-SP) e Duda Salabert (PDT-MG).
Para Ricardo Sales, chefe executivo da Mais Diversidade, consultoria de diversidade e inclusão que opera na América Latina, a representação política da população LGBTQIA+ ajudaria a mudar leis em prol da institucionalização de direitos já adquiridos.
Ele diz que a comunidade se vê excluída de espaços onde há o poder de decisão, alegando existir ameaças LGBTfóbicas à atividade dos congressistas que os representam, além dos desgastes pessoais que essa violência política gera aos ocupantes dos cargos.
Sales afirma ainda que a população LGBTQIA+ não busca reivindicar privilégios, mas pensar em um modelo de sociedade que inclua todos os brasileiros. Para isso, ele cita a necessidade de as máquinas partidárias, uma das interlocutoras no poder, inserirem mais as minorias em suas estruturas.
Um dos motivos para a necessidade de maior representatividade dessa comunidade na política, segundo o chefe da Mais Diversidade, é a criação e consolidação de políticas públicas. "Com políticas mais azeitadas, há uma salvaguarda em caso de um governo mais conservador", disse Sales.
"Quando há lei e há política pública, governos preconceituosos tem mais dificuldade de destruir todo o avanço do país para uma comunidade, como ocorreu na administração passada", conclui, citando o retrocesso de políticas para minorias sociais no mandato de Jair Bolsonaro (PL).

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.