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domingo, 7 de setembro de 2025

Pela segunda vez na história, um prefeito de Itapetinga entra na mira de uma CPI


Os prefeitos de Itapetinga alvos de CPIs: José Carlos Moura (PT) e o atual gestor Eduardo Hagge (MDB).

Por um capricho de mau augúrio, a política de Itapetinga volta a repetir o próprio roteiro. Pela segunda vez na história do município, um prefeito será alvo de uma Comissão Parlamentar de Inquérito. O protagonista da vez é Eduardo Hagge (MDB), investigado por suposta tentativa de interferência na Justiça Eleitoral. O enredo, porém, soa estranhamente familiar.
A nova trama começou com um ofício enviado ao governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT). No documento, pedia-se sua intervenção em um processo no TSE que visava cassar o mandato do vereador oposicionista Diego Rodrigues, o Diga Diga (PSD). O detalhe explosivo: o ofício não trazia a assinatura do prefeito Hagge. A oposição, desconfiada, não se deu por satisfeita e reagiu.

A CPI do Diga Diga

Amparada em jurisprudência recente do STF — que garante à minoria o direito de instalar uma CPI com apenas um terço dos votos —, a oposição recorreu à Justiça. E venceu. Um juiz local determinou: a CPI do Diga Diga deve ser aberta.
A cena remete imediatamente a 2011, quando outro prefeito de Itapetinga, José Carlos Moura (PT), enfrentou destino semelhante. Naquele ano, a CPI investigou a contratação da Bernardo Vidal Consultoria por mais de R$ 600 mil. A promessa era recuperar R$ 5 milhões em créditos previdenciários para o município. O resultado: nada além de uma miragem. O INSS, a Receita Federal e a Procuradoria do Estado sepultaram a tese de recuperação.
O caso foi encaminhado ao Ministério Público e caiu nas mãos da promotora Genísia Oliveira. Mas a tragédia interrompeu o curso da história: em janeiro de 2013, Genísia morreu após um grave acidente na BA-263. Sem sua atuação, o processo contra o petista acabou adormecido em gavetas ministeriais, até prescrever. Morreu uma vida, e junto dela, o processo.

Ecos do passado

A coincidência entre os dois episódios não está no conteúdo das acusações, mas na correlação de forças políticas. Em 2011, José Carlos Moura governava, mas tinha contra si uma oposição robusta, hábil em explorar o Legislativo. Hoje, a cena se repete: Eduardo Hagge venceu as urnas, mas perdeu a maioria na Câmara. A oposição, fortalecida, volta a empunhar a arma da CPI.

A lição sombria

A história de Itapetinga mostra que CPIs não prosperam necessariamente quando a culpa é evidente, mas quando o poder do prefeito é frágil. A primeira expôs um contrato mirabolante e terminou em tragédia e impunidade. A segunda nasce de uma carta sem assinatura e de um prefeito politicamente enfraquecido.
O desfecho ainda está por ser escrito. Resta saber se, desta vez, a justiça — eleitoral ou comum — chegará ao destino final antes de expirar o prazo de validade.

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