Itapitanga: Prefeitura gasta R$ 2 milhões em remédios para cidade de 10 mil habitantes e hospital minúsculo

Ex-candidata Joanice expõe contratos de mais de R$ 2 milhões e acusa gestão de superfaturar compras incompatíveis com a realidade do município

A ex-candidata a prefeita de Itapitanga, Joanice, publicou em suas redes sociais um vídeo de denúncia no qual questiona a licitação de medicamentos realizada pela Prefeitura do município. Segundo ela, o valor total do contrato chega a R$ 2.046.312, dividido em sete lotes, vencidos por quatro empresas.

Joanice destaca que o montante é incompatível com a realidade de Itapitanga, que possui pouco mais de 10 mil habitantes, apenas um distrito, quatro postos de saúde — três na sede e um no distrito — e um hospital de pequeno porte, sem capacidade cirúrgica. “Esse hospital funciona apenas como um ponto de apoio, estabilizando casos simples como picos de pressão ou glicemia. Qualquer situação mais grave precisa ser transferida para Itabuna”, afirmou.

A fisioterapeuta, que atua na UTI do Hospital Geral Prado Valadares, em Jequié, ressaltou que a licitação incluiu medicamentos e insumos utilizados apenas em hospitais de alta complexidade. “Eu sei que Itapitanga não tem essa necessidade, nem de quantidade e nem de alguns medicamentos licitados. Muitos desses insumos são incompatíveis com a realidade de um hospital de pequeno porte como o nosso”, pontuou.

Entre os itens que chamaram a atenção, Joanice citou a compra de 35 unidades de Ambus (aparelho usado em casos de parada cardiorrespiratória). Segundo ela, seriam suficientes apenas quatro unidades — duas infantis e duas adultas. Outro exemplo foi a aquisição de 800 umidificadores de oxigênio, apesar de o hospital ter apenas três leitos de internamento, e de 26 mil caixas de fio cirúrgico, mesmo sem realizar cirurgias.

A ex-candidata também criticou o contraste entre os valores da licitação e a realidade enfrentada pelos moradores. “A população chega em busca de remédios e a resposta é sempre que não tem. Muitos pacientes precisam judicializar para conseguir medicamentos de uso contínuo. Há dias em que o hospital só dispõe de Dipirona. Essa é a realidade que todos conhecem em Itapitanga”, declarou.

A denúncia tem gerado forte repercussão entre os moradores, que, segundo Joanice, estão “perplexos” diante da discrepância entre o valor milionário da licitação e as condições precárias do sistema de saúde local.

Nosso portal mantém o espaço aberto para que a Prefeitura de Itapitanga se pronuncie sobre as denúncias apresentadas, esclarecendo dúvidas, justificando os valores da licitação e detalhando a necessidade dos medicamentos e insumos adquiridos. Reiteramos nosso compromisso com a imparcialidade e a transparência, garantindo que a gestão municipal tenha oportunidade de se manifestar antes da publicação de eventuais desdobramentos.