Erlon Botelho engana produtores com cobranças de ingressos. - Bahia Expresso

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quarta-feira, 27 de agosto de 2025

Erlon Botelho engana produtores com cobranças de ingressos.

Instituto Chocolate recebeu mais de R$ 1,2 milhão em verbas públicas e cobra ingresso de produtores no evento Cacau 500.


O Instituto Chocolate, presidido por Erlon Botelho, já movimentou mais de R$ 1,2 milhão em recursos públicos oriundos de diferentes fontes: R$ 500 mil da Prefeitura de Jussarí, R$ 500 mil do Governo Federal, R$ 25 mil do Consórcio Intermunicipal da Mata Atlântica (CIMA) e R$ 200 mil de emenda parlamentar.
Apesar da expressiva arrecadação, a entidade é alvo de denúncias graves e inconsistências documentais. Nossa reportagem já esteve em Buerarema, no endereço que consta como sede do Instituto no CNPJ. No local, moradores confirmaram que nunca existiu nenhum escritório do Instituto Chocolate. O que realmente funcionava ali era uma barbearia, hoje desativada.
Outro endereço citado pelo presidente do Instituto em uma emissora de rádio seria o abrigo de idosos. No entanto, o próprio abrigo emitiu nota pública afirmando desconhecer totalmente o Instituto Chocolate e negando que a entidade tenha funcionado ali. Em Jussarí, a entidade chegou a informar como sede o prédio da antiga CEPLAC, mas o espaço também não abriga nenhuma atividade relacionada.
As irregularidades se estendem às notas fiscais apresentadas em Jussarí, que indicam endereço local, embora o CNPJ esteja registrado em Buerarema. Pela lei, as notas fiscais deveriam ser emitidas a partir da cidade de registro do CNPJ, e não de outro município, o que configura ilegalidade.
Além disso, o Instituto acumula dívidas com a Prefeitura de Buerarema, está com o CNPJ suspenso na Receita Federal, não possui licença ambiental nem alvará da vigilância sanitária, e mesmo assim segue firmando convênios, captando recursos públicos e promovendo eventos.
Paralelo a esses convênios, a entidade organiza para os dias 24, 25 e 26 de outubro, em Itabuna, o 3º Encontro Nacional do Projeto Cacau 500 Sustentável. O evento cobra ingressos entre R$ 75 e R$ 350, mesmo já tendo recebido vultosas quantias de dinheiro público.

 Divulgação oficial do evento:

“Já vendemos 90% do 2º lote. A contagem regressiva já começou e os ingressos estão quase esgotados! Corre pra garantir o seu! Ingressos em: cacau500.com.br”
O encontro será realizado no Centro de Cultura Adonias Filho e promete reunir centenas de produtores, técnicos e empresários do setor cacaueiro.
A cobrança, no entanto, gera revolta entre produtores que vivem uma das piores crises da cacauicultura, enfrentando perdas severas, pragas como a vassoura-de-bruxa e dificuldades financeiras. Para críticos, o Instituto estaria se aproveitando da fragilidade do setor, acumulando dinheiro público e privado sem apresentar relatórios de impacto social, notas fiscais consistentes ou auditorias oficiais.
No último dia 26 de agosto, o jornalista EdCarlos formalizou denúncia contra o Instituto Chocolate, entregando um dossiê à Polícia Federal e outro ao Ministério Público Federal. Os documentos reúnem provas e apontam graves indícios de irregularidades na utilização de verbas públicas. A expectativa é que, a partir dessa iniciativa, seja aberta uma investigação oficial e aprofundada pelos órgãos federais.
Além disso, está prevista também uma denúncia junto à Procuradoria-Geral da República (PGR), uma vez que o Instituto recebeu recursos do Ministério da Educação. Por se tratar de verbas federais, as contas devem ser prestadas de forma transparente e comprovada, o que, segundo apuração da reportagem, não aconteceu.
Diante desse cenário, a situação coloca em xeque a credibilidade da entidade e levanta uma pergunta direta que ecoa entre autoridades e agricultores da região:
para onde está indo tanto dinheiro arrecadado pelo Instituto Chocolate?

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