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segunda-feira, 8 de maio de 2023

O INTERIOR FEMININO.



Por: Maria Reis Gonçalves. 

Espinosa pergunta: "o que pode o corpo?", o Descartes fala: "penso, logo existo" e Nietzsche declara que: "só acreditaria em um Deus que soubesse dançar". 

São as três sentenças que ajudam a encontrar uma forma de estar no  mundo: em movimento. E, aí, eu lembro da frase da anarquista Emma Goldman, que fala: "se não posso dançar, não é minha revolução". Portanto, tudo o que fazemos trata-se de coragem, força, alegria, potência, revolução e principalmente: Transformação! Tudo isso dentro de um só corpo, numa só mulher. Quando se faz algo que eleva a autoestima, nos faz ir a "um grau de "alerteza" que é sabedoria de bicho acordado" como descreve Clarice Lispector.  

Sem as amarras da juventude e suas "nonchalance", tenho me sentido cada vez mais livre e pronta a libertar o corpo e o espírito, não é o prazer libertino da vã felicidade  oferecida a prestações pelo cartão de crédito. Estou falando do prazer que sentimos ao nos desvencilharmos do individualismo possessivo, e das mirabolantes maneiras de ir em busca do "saber viver". Sim, falo dessa maturidade que nos permite a não nos levarmos, tão mais, a sério. Então, vamos rever comportamentos, reações e sensações, é hora de fruir cada instante, cada descobrimento, apaziguar as emoções e se desfazer de velhos interditos, assim como aprender a manter sob rédeas curtas os fantasmas da beleza e da vaidade, sempre presente nesse grande universo feminino.

Bem, se o espelho já me revela, todos os dias, os vestígios do tempo em meu corpo, ele também consegue me lembrar que é preciso, mais do que nunca, viver a vida da melhor maneira possível. A ratio do trabalho pelo longo da existência, que em muitos momentos adormeceu algumas sensações corporais, vai aos poucos dando lugar a um páthos mais desperto para o que ainda não vivi. Quem sabe existe dentro de mim um Dionísio vagabundo que começou a me habitar sussurrando as mesmas palavras ao despertar até adormecer: carpe diem, carpe diem...

É a maturidade que nos permite não nos levarmos tão a serio como fazíamos até há pouco tempo. E a sexualidade é mesmo uma dessas "lentes" diligentes, capazes de nos revelar os desconfortos e constrangimentos das nossas frágeis convicções. Mas, podemos sim, demonstrar uma sexualidade na maturidade, pois assim estaremos nos redimindo da nossa própria humanidade sexual.

E um viva a nós mulheres!

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