Três delatores da Odebrecht prestaram depoimentos na semana passada que confirmam que a empresa comprou, em 2010, um imóvel em São Paulo que seria destinado à construção de uma nova sede do Instituto Lula, de acordo com o jornal Folha. As declarações foram feitas por Marcelo Odebrecht, ex-presidente do grupo; Alexandrino Alencar, ex-diretor de relações institucionais; e Paulo Melo, ex-diretor-superintendente da Odebrecht Realizações Imobiliárias.
A compra do imóvel na Rua Dr. Haberbeck Brandão, nº 178, em São Paulo, é ponto central na denúncia em que o ex-presidente Lula é acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. As delações de Marcelo, Alencar e Melo confirmam que o imóvel, que no papel foi adquirido pela DAG Construtora, foi na verdade pago pela Odebrecht e seria destinado à construção de uma nova sede do instituto.
A ideia, segundo os delatores, era que após a Odebrecht comprar o imóvel outras grandes empresas ajudassem a construir o prédio do Instituto Lula. Os delatores também disseram que Lula e a ex-primeira-dama Marisa Letícia foram conhecer o terreno, mas não gostaram do local. Marcelo Odebrecht determinou então a Paulo Melo que procurasse outros imóveis. O projeto, no entanto, não foi para frente.
O Instituto Lula disse, via sua assessoria de imprensa, que não comenta "supostas delações". Afirmou que "delações não são prova, quanto mais supostas delações". A nota diz ainda que o ex-presidente não solicitou nenhuma vantagem indevida e sempre agiu dentro da lei. "O terreno nunca foi do Instituto Lula e tampouco foi colocado à sua disposição. O imóvel pertence a empresa particular que lá constrói uma revenda de automóveis. Tem dono e uso conhecido. Ou seja, a Lava Jato acusa como se fosse vantagem particular de Lula um terreno que ele nunca recebeu, nem o instituto – que não é propriedade de Lula, nem pode ser tratado como tal, porque o Instituto Lula tem uma personalidade jurídica própria". A assessoria do instituto finalizou afirmando que as doações feitas ao Instituto Lula estão devidamente registradas e foram feitas dentro da lei.
O advogado Cristiano Zanin, defensor de Lula e sócio de Roberto Teixeira, vem dizendo que a força-tarefa da Lava Jato tem agido por "retaliação e vingança". A defesa questiona a imparcialidade do juiz e já pediu seu afastamento da causa. Cristiano Zanin disse que Roberto Teixeira "agiu sempre dentro do estrito dever profissional e com a observância de todos os deveres éticos inerentes à profissão".
A empresa DAG Construções informou que não iria se pronunciar.
A Odebrecht, em nota da assessoria de imprensa, disse que não se manifesta sobre o tema, mas reafirma seu compromisso de colaborar com a Justiça. A empresa diz em nota que está implantando as melhores práticas de compliance (medidas anticorrupção), baseadas na ética, transparência e integridade.
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