O leão Dengo, que tem ?Aids felina? e não pode ficar junto a outros animais
Um leão com "Aids felina" e uma onça-pintada com problemas renais devem
deixar nos próximos dias o zoológico de Brasília rumo à ONG Rancho dos
Gnomos, em Cotia (Grande São Paulo).
O leão Dengo e a onça Tuan
são dois animais que, por motivos diferentes, não podem ficar junto aos
outros animais. Dengo, que chegou ao zoo em 2011, é portador de FIV, a
chamada "Aids felina".
O FIV (Feline Immunodeficiency Virus, ou
vírus da imunodeficiência felina) é uma doença incurável que atinge
apenas felinos. Similar ao vírus HIV, a doença baixa as defesas do
sistema imunológico dos felinos e pode ser transmitida por meio de
arranhões (em brigas) ou mesmo saliva, por isso, ele não pode ficar com
os outros animais sob o risco de infectá-los.
Tuan tem 21 anos
(três a mais do que a expectativa de vida das onças) e está com problema
nos rins. Ela teve de ser retirada do convívio dos outros animais
porque apanhava das outras onças. Doentes e velhos, os dois animais
estavam nos chamados extras, locais para animais idosos e doentes e que
não são acessíveis para a visitação.
Ativista acusa zoo de maus-tratos
A transferência ocorrerá após denúncias de que os animais estariam
sofrendo maus-tratos e foi acordada entre o Governo do Distrito Federal e
a ONG.
O anúncio foi feito na última terça-feira (11) pelo
vice-governador Renato Santana (PSD) e pelo secretário do meio ambiente,
André Lima, após reunião com defensores do direito dos animais.
De acordo com o secretário, faltam apenas alguns detalhes: "Recebemos o
pedido oficial apenas nesta quarta [12] e estamos esperando por laudos
que atestem que os animais consigam fazer a viagem".
Lima afirma
que até semana que vem o martelo deve ser batido completamente: "Na
terça [18] teremos uma reunião, na quarta devemos liberar e, se tudo der
certo, na quinta podem buscar os animais".
Apesar de dizer que
acredita que os animais irão para um local melhor, o secretário nega que
eles estejam sofrendo maus-tratos no zoológico de Brasília.
"O
zoo não é nenhum resort, mas dá um tratamento razoável. O recinto é
menor para inclusive dar condições de tratamento", diz. O espaço em que o
leão estava era de 77m², um pouco maior do que o espaço mínimo para
confinamento de animais selvagens: 70m².
Defensores dos direitos
dos animais reclamam do protelamento da autorização oficial para semana
que vem. "Na terça, o vice-governador já tinha dito que estava tudo
certo. Dá a impressão que eles estão fazendo um jogo político para não
admitir que havia maus-tratos", diz Bruno Pinheiro, representante da
Frente de Ações pela Libertação Animal (FALA).
Pinheiro, que
esteve na reunião da última terça e participa das negociações para
doação, diz que os animais não deveriam esperar até a próxima
terça-feira e que o Rancho dos Gnomos tem totais condições de cuidar do
leão e da onça.
"Já está mais do que provado que há estrutura
para o transporte. Os animais estão em risco e algum morrer no
zoológico, será um caos", diz.
Apesar das acusações, o zoológico
de Brasília nega que o leão (chamado de Dengo) e a onça (chamada de
Tuan) sofriam maus-tratos.
"O Ministério Público veio até o zoo
para verificar o estado e não encontrou nenhuma irregularidade. Eles
estão em áreas regulares", disse o presidente do zoológico de Brasília,
José Vieira.
Vieira diz que também concorda que os animais devem
ser transferidos. "Eles não estão mais expostos e eles devem ir se o
santuário garantir melhores condições".
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