Os dias estão muito quentes mas, mais que
mal-estar e incômodos, o calor excessivo funciona como um desencadeador
de dor de cabeça e enxaquecas. Isso porque a temperatura alta favorece a
desidratação, a hipoglicemia, altera a pressão e os batimentos
cardíacos, facilitando o surgimento das dores e provocando ausência no
ambiente de trabalho e escolas.
Para evitar que o calor se torne um inimigo nesta
época do ano, é preciso tomar alguns cuidados, especialmente quem sofre
com enxaqueca (aquelas dores de cabeça latejantes que costumam ocorrer
em três ou quatro quadros de dor durante um mês) ou cefaleia crônica (15
dias ou mais de dor). Por isso mesmo, os portadores dessas duas
enfermidades precisam ter cuidado redobrado. Quem quer curtir o Verão
sem dores de cabeça de nenhuma natureza deve buscar se manter bem
hidratado, apostar numa dieta à base de alimentos mais leves e, sempre
que possível, procurar se abrigar do calor, seja com o uso de chapéus ou
bonés e óculos escuros.
Foto: Arte/Correio
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De
acordo com dados da Sociedade Brasileira de Cefaleia, a enxaqueca é uma
doença neurológica crônica, incapacitante, que afeta 15% da população
no Brasil. Estudos do Ministério da Saúde apontam que a prevalência da
enxaqueca é de 25% nas mulheres e 10% nos homens, predominando na faixa
etária que varia de 35 a 45 anos, mas também pode afetar cerca de 10%
das crianças de ambos os gêneros antes da adolescência. Após esse
período, as meninas começam a apresentar mais casos.
No calor intenso, pessoas com pressão arterial mais
baixa (hipotensos), no limite inferior, são mais sujeitos a desmaios,
tonturas e até, mais raramente, crises convulsivas. É muito importante,
além de manter a hidratação adequada, mais cuidado ao levantar da
posição deitada para a posição em pé. Essa troca de posição deve ser
feita pausadamente.
Herança
Segundo o neurologista e coordenador do Departamento de Dor da Academia Brasileira de Neurologia, Antônio Cezar Ribeiro Galvão, não existe uma causa específica para a enxaqueca ou a cefaleia crônica e, geralmente, elas possuem componentes genéticos. “Sabe-se que cada indivíduo apresenta disparadores próprios para desencadear as crises, daí a importância de reduzir esses gatilhos, especialmente nesta época, quando o calor, a luminosidade, o desregramento próprio das férias e das festas podem facilitar que elas apareçam”, completa o médico.
Segundo o neurologista e coordenador do Departamento de Dor da Academia Brasileira de Neurologia, Antônio Cezar Ribeiro Galvão, não existe uma causa específica para a enxaqueca ou a cefaleia crônica e, geralmente, elas possuem componentes genéticos. “Sabe-se que cada indivíduo apresenta disparadores próprios para desencadear as crises, daí a importância de reduzir esses gatilhos, especialmente nesta época, quando o calor, a luminosidade, o desregramento próprio das férias e das festas podem facilitar que elas apareçam”, completa o médico.
O neurologista Leandro Teles confirma a posição do
colega e ressalta que, na época mais quente do ano, são muitos os
fatores que elevam a frequência e a intensidade das crises. “A cada 5°C
de elevação na temperatura, o risco de crise aumenta 7%”, esclarece,
lembrando que para cada caso será necessário analisar o contexto para
entender a piora da enxaqueca. “A mistura da predisposição pessoal
genética com o calor, a luminosidade, a alimentação desregrada, o
consumo excessivo de álcool e as alterações de sono pode ser
catastrófica”, completa.
Embora não
haja consenso sobre as razões que levam as mulheres a serem as maiores
vítimas, o médico Antônio Cezar Galvão lembra que o fato pode estar
associado a questões hormonais femininas.
Cuidados
Como não pode mudar a herança genética, para fugir das dores de cabeça, que tal apostar em cuidados que não apenas vão evitar as crises, como, de quebra, ajudarão a saúde de um modo em geral? “O sono e a alimentação devem ocorrer em horários regulares, a prática de atividade física em horários mais frescos do dia também contribuirão para promover o bem- estar em geral e retardar as crises”, explica Cezar Galvão.
Como não pode mudar a herança genética, para fugir das dores de cabeça, que tal apostar em cuidados que não apenas vão evitar as crises, como, de quebra, ajudarão a saúde de um modo em geral? “O sono e a alimentação devem ocorrer em horários regulares, a prática de atividade física em horários mais frescos do dia também contribuirão para promover o bem- estar em geral e retardar as crises”, explica Cezar Galvão.
No
quesito sono, a dica é manter o ritmo biológico, evitando as pequenas
mudanças do ciclo sono-vigília, que desencadeiam as cefaleias.
O neurologista também sugere que as pessoas busquem
evitar o consumo de alimentos que desencadeiam as crises, tais como o
vinho tinto e outras bebidas alcoólicas, chocolate, queijo, embutidos e
os produtos ricos em glutamato de sódio (realçadores de sabor) e
nitritos 13 e 16 (mortadelas, salames, entre outros).
O neurologista salienta que a enxaqueca e a cefaleia crônica, geralmente, tem como doença associada a ansiedade e a depressão.
“Chamamos de personalidade enxaquecosa e que se
caracteriza pelo perfeccionismo e a necessidade de ter suas demandas
atendidas imediatamente, por isso, a dor de cabeça é tratada
conjuntamente com a ansiedade, por meio de antidepressivos”, esclarece.
Além
dos tratamentos medicamentosos para as comorbidades e para a própria
dor de cabeça, Cezar Galvão destaca que existem outros tratamentos não
medicamentosos que podem ser bons aliados no controle, a exemplo da
psicoterapia e do bio feedback, que consiste numa eletroestimulação do
cérebro. O médico lembra que a enxaqueca e a dor de cabeça crônica são
tratáveis, mas que ainda não há cura para esses problemas. “O controle e
a prevenção, no entanto, garantirão a qualidade de vida dos
portadores”, completa.
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