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quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Sem 'gemidão' e com SMS: como se comunicam os brasileiros longe do WhatsApp, que são 9% dos internautas


Por Helton Simões Gomes, G1

E fácil achar alguém disposto a conversar pelo WhatsApp. De cada 10 internautas do Brasil, 9 usam o aplicativo. Segundo o Ibope, é o mais popular do país. Mas e aqueles 10%?
O G1 falou com gente assim, que mal ouviu falar de "gemidão do WhatsApp", das imagens com mensagens de “bom dia” e dos boatos e notícias falsas. Por outro lado, eles têm que fazer ligações telefônicas e mandar SMS para suprir a lacuna na comunicação
Quando alguém pede para eu mandar um WhatsApp, eu digo, ‘Rapaz, me dá teu número, eu te mando SMS ou te ligo. O celular já faz isso, sabe?”', brinca o empresário Ênio Ferreira Oliveira, de 31 anos, dono de uma auto-escola em Bacabal, no Maranhão.


120 milhões em ação


Nadar contra a corrente não é fácil. Dos mais de 1 bilhão de usuários do WhatsApp em todo mundo, 120 milhões deles estão no Brasil. Quando confrontado com a questão “Por que você não está no WhatsApp? Todo mundo está lá”, Oliveira responde:
“Se para ter meu WhatsApp a pessoa precisa do meu número de celular, então não precisa do WhatsApp. Só do meu número. Por isso, não vejo obrigação de ter WhatsApp. Todas as operadoras oferecem SMS gratuito hoje em dia.”

Em busca de privacidade

Usar o número de celular como forma única de cadastro no aplicativo do Facebook foi uma das motivações para Oliveira abandoná-lo em 2014. Para ele, isso colocava sua privacidade à prova e causava irritação. "Dormia em um grupo e acordava em 15. Número de telefone não é público.”
Outra característica que o afastou do WhatsApp é a forma como os arquivos recebidos são armazenados no aparelho. A capacidade interna de seu smartphone sempre era excedida. Correntes, boatos e notícias falsas que sempre pipocavam em seu celular completam a lista de peculiaridades do WhatsApp de que ele não sente falta.

Gemidão do WhatsApp

Ser incluído em grupos sem sua permissão deixava Sancler Miranda desconfortável. “Quando acontecia de alguém me colocar em grupo, eu ficava sem graça. Sempre deixava no silencioso”, diz o empresário de 25 anos, que mora em Brasília.
Ele ainda enumera outros modismos do WhatsApp de que não sente falta, desde que abandonou o app em janeiro de 2017: áudios de zoeira, GIFs de “bom dia” e mensagens "inspiradoras". De algumas zoeiras que se popularizaram recentemente, ele sequer tomou conhecimento.“Cara, esse negócio de gemidão do WhatsApp, eu nunca vi. Nunca caí no gemidão”, diz.
Já Wesley Henrique, analista de sistema de 22 anos, perdeu a paciência com o WhatsApp quando foi banido do aplicativo. Ele usou um serviço que modifica ou acrescenta funções ao bate-papo, o que é punido pelo Facebook com suspensão ou exclusão da plataforma.

Dependência
Distantes do WhatsApp, eles criticam pessoas que não vivem sem o app. “O grande X da questão é que ele se tornou um ícone único. As pessoas ignoram o fato de que existem outras ferramentas mais úteis e completas”, afirma um estudante baiano de 20 anos que não quis se identificar.
Sem usar o bate-papo há dois anos, ele diz se sentir “mais tranquilo, menos dependente de celular”. “Vivo minha vida bem, sou mais produtivo no que faço, pois, para o que eu fazia no WhatsApp, eu precisava de inúmeros aplicativos pra complementar qualquer ação”, continua.
Ênio Oliveira comenta que a relação entre usuários e o aplicativo não parece ser saudável. “O histórico de bloqueio do WhatsApp mostra que as pessoas são totalmente escravas. Ficaram desesperadas”, comenta Oliveira.
Desde 2015, quatro ações judiciais pediram a suspensão do app no Brasil e três o tiraram do ar. Nos dias em que o WhatsApp não funcionou, houve "migração em massa" para o Telegram.
É uma coisa até pra ser estudada. A pessoa não consegue ficar um dia sem celular. Mas não é porque tem coisas importantes a fazer com ele. É porque lá tá o WhatsApp e ela não pode ficar um dia sem ele.”
Além de recorrer a SMS e ligações telefônicas, os entrevistados pelo G1 preferem outras plataformas, como Telegram e Twitter.
Segundo a pesquisa do Ibope, que ouviu 2 mil internautas em junho deste ano, essas duas últimas plataformas são populares, mas ficam longe da popularidade do WhatsApp no Brasil. São usadas por 10% (Telegram) e 28% (Twitter).

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